segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Misunderstanding

Há alguns dias um cliente postou uma mensagem endereçada ao meu mail se dizendo decepcionado com o Phono Experience # 3.

Gostaria de aproveitar este ocorrido e esclarecer algumas coisas em relação ao som reproduzido por equipamentos valvulados.

  1. Como sempre digo, os circuitos valvulados são de concepção simples. Minimalistas. Por que? Porque não precisamos de artifícios como realimentação (negativa ou positiva), atenuadores, filtros de HF ou LF, circuitos sintonizados, reforços artificiais para compensar perdas, redes Zöbel, Linkwitz-Rilley, Baxandall, etc, tão necessárias nos circuitos de estado sólido para compensar suas tantas deficiências no campo da amplificação de sinais de áudio com alta-fidelidade.
  2. Há 40 anos ouvimos, na média, somente áudio de estado sólido (bons e maus designs), nos acostumamos com o , DTS, Dolby, THX, loudness, equalização de 1/3 de oitava, compressores, expansores, reverberadores, ferramentas como o Pro-Tools (que transformam infantes-despreparados e mocréias-gritadoras em ídolos instantâneos e divas da música atual). Achamos normal entrar em um habitáculo de um virgula oito metro cúbico e ouvir um som automotivo (CD, rádio FM, DVD, i-POD, mp3, etc) achando que é som estéreo (que precisa de no mínimo 2m de separação para que o efeito ocorra de forma correta) super natural, vívido, claro, límpido, cristalino, etc.
  3. Consulte os designs do J.L Hood e veja todos os artifícios que o "pai dos amplificadores transistorizados" teve que fazer desde a década de 60, para tentar imitar o som que ele estava acostumado a ouvir nos equipamentos valvulados da época. Não teria sido mais fácil continuar ouvindo o som nos valvulados? Acho que por aqueles idos, a promessa era de que os transistores viriam para substituir tudo o que as válvulas faziam...ou quase tudo.
  4. Os circuitos valvulados, geralmente, não lançam mão de qualquer artifício para esquentar o som. Eles são o que são. Bons designs são transparentes. De vez em quando, temos a sensação de que falta algo. Não é porque o equipamento HS (hollow-state) retirou ou modificou o som. É porque simplesmente não exisitia nada ali.
  5. A única coisa que resgatamos é o som gerado por um fluxo constante de elétrons no vácuo dentro da válvula. Um som aconchegante, límpido, sem fadiga auditiva (por conta da ausência de harmônicos sub e super-sônicos) e acima de tudo, honesto.

Se é isto que você procura, então bem-vindo ao mundo do áudio valvulado.

Se acha que isto não satisfaz suas necessidades audiófilas, procure um bom amplificador de 2000W (com transistores de saída BJT da Toshiba), um par line-arrays (pra começar) montadas nos cantos da sua sala e uma ótima mesa de som de uns 32 canais (no mínimo) bem no meio do aposento para equalizar tudo isto ao seu gosto. Garanto que você terá volume, punch e um monte de vizinhos querendo a sua cabeça!

Toda e qualquer experiência é valida, desde que você não se torne um escravo do seu experimento.

Você é o dono e senhor do seu Sthula-Sharira, ao menos nesta existência, portanto, cuide muito bem dele e aproveite!

Boas audições, valvuladas ou não.

Divirta-se!

Um comentário:

  1. Olha Luciano, não conheço o Phono Experience mas pelo V2 e Juno
    que tenho não acredito que vc disponibilizaria um equipamento ruim.

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