segunda-feira, 13 de abril de 2020

Tocando fogo em tudo (LPJ AFTB v2) - final

Finalizados os testes e ajustes do equipamento LPJ - AFTB v2.

Agora é produzir o primeiro lote e acondicioná-los em caixas metálicas específicas.

Além do que já foi discutido ao longo dos testes de bancada e burning-in, decidi acrescentar mais duas funcionalidades:
  1. Saída extra de ruído-branco (white-noise) aleatório com amplitude de 1Vpp (um volt de pico à pico).
  2. Chave que desliga o modulador, colocando o ruído-branco sem modulação nos terminais de potência do equipamento (10w em cada canal).
Com estas duas funcionalidades extras podemos usá-lo como fonte de ruído em testes e aplicações de ajuste de ambiência e resposta em frequência de caixas, equipamentos e salas de audição.

Além das aplicações para o dia-a-dia dos audiófilos, o equipamento pode ser utilizado como instrumento nas linhas de produção e testes de produtos de áudio: amplificadores, prés, caixas acústicas, alto-falantes, equalizadores, etc.

PS.: Recentemente fui obrigado a recondicionar dois alto-falantes de 3,5" full-range da SONY. Após a intervenção e tudo montado nas caixas acústicas coloquei-os para funcionar. O som estava velado, fechado. Apesar das medições estarem 100%, como se fossem tiradas de um livro acadêmico.
Liguei então o conjunto no meu amplificador valvulado ONE e como fonte de áudio usei o ruído branco modulado do AFTB v2.
100h de uso contínuo foram suficientes para que toda a "coloração" dos alto-falantes aparecesse.
Full-ranges de 3 a 5" com alta-sensibilidade e operando em baixas potências com amplificadores single-ended montados em caixas acústicas tipo shelf open-back é o meu setup favorito! Clean, aconchegante sem estridências ou graves fake. Boa música, whisky e charuto completam o ambiente! Cheers!


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

50 Hertz versus 60 Hertz. Meu equipamento funcionará?

Respondendo à uma pergunta de um cliente de Portugal que, em breve, retornará ao Brasil com a mala cheia de equipamentos europeus:
 
Vamos lá.
Sempre que temos motores elétricos na parada, o problema 50 x 60 Hz aparece, ao menos em parte.
Vou explicar: existem 2 tipos de motores AC (simplificando). Os motores síncronos e os assíncronos.
Como o nome denota, os síncronos são sincronizados com a rede e os assíncronos, independem da frequencia da rede ao qual são conectados.
 


Se os motores dos seus equipamentos forem do primeiro tipo, síncronos, vc terá que providenciar a substituição dos mesmos. Caso forem assíncronos, não esquente a cabeça pois um circuito especializado que alimenta o motor, faz o trabalho de acertar os níveis e corrigir a fase independente do que estiver chegando na rede.
Um caso especial de motores assíncronos são os motores DC de ímã permanente.
Na maioria dos casos, vc só terá problemas com o Toca-Discos, mas é preciso checar com o fabricante.
O tape de rolos "deve ser" motor DC (corrente contínua) então vc não terá problemas.

Quanto aos demais equipamentos que não possuem motores, não é preciso esquentar a cabeça pois o transformador de força trabalha bem com 50 ou 60 Hz, tendo uma perda insignificante de performance para equipamentos de baixa potência (abaixo de 1kw).
O equipamento para controlar a fase da rede (e os níveis de tensão também) se chama Inversor de Frequencia e custa uma pequena fortuna, além de ser destinado ao uso industrial em ambientes com altos índices de EMF, portanto ele também gera ruído pra todo lado quando ligado. Até os melhores do mundo (Danfoss e Iaskawa) são ruidosos e devolvem para a rede elétrica altos níveis de interferência inaceitáveis em um ambiente destinado à audiofilia.
Espero ter ajudado.
Grande abraço.
 
Atenciosamente,
Luciano.



Links de interesse:

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Como testar um preamplificador de Phono

Outro dia um cliente me perguntou qual é o processo para o teste de um preamplificador RIAA para toca-discos (phono preamplifier).
A resposta não é trivial e depende de algumas variáveis:
  1. Trata-se de novo projeto;
  2. É um teste de laboratório;
  3. Diversão entre amigos.
No primeiro caso o processo é o seguinte: determina-se o ganho geral entre os vários estágios do pré-amplificador. Escolhe-se uma topologia adequada para os circuitos. Define-se a rede de deênfase (RIAA, DECCA, NAB, etc) padrão para o pré. Calcula-se os pólos e zeros da rede de equalização (deênfase) escolhida. Monta-se o protótipo e com o auxílio de um gerador de áudio de precisão e um osciloscópio digital com função FFT (Transformada de Fourier em Tempo-real) e depois testa-se cada uma das frequencias do áudio: pelo menos 31 fatias do espectro de 20Hz a 20kHz.Adota-se o padrão de +/1dB de desvio na curva standard escolhida.

Para o segundo caso, montamos um setup constituído de um gerador padrão de precisão com frequências variáveis e vários formatos de onda na saída. Uma rede de preênfase (inverso da rede do pré em teste). Exemplo: se formos testar um pré com rede de equalização RIAA, deveremos intercalar uma rede RIAA inversa para simular uma gravação de vinil no nosso gerador de precisão. Um conjunto de osciloscópio digital e analisador de espectro (FFT) completam o setup. O restante é o trablho braçal de varrer as frequencias do espectro de áudio e checar a acuidade do circuito em teste em relação à curva padrão escolhida.

O terceiro caso é o motivo deste post.
O circuito abaixo é o que uso no dia-a-dia na minha produção de equipamentos para phono. Trata-se de uma montagem bem simples com várias entradas possíveis (CD-player, Gerador de áudio, etc) uma rede de preênfase tipo RIAA (RIAA reversa) com precisão melhor que 1% sobre a curva padrão, uma chave de by-pass que faz o som do CD-player (ou outra fonte qualquer) passar direto para o amplificador de saída, de preferência um amplificador de fones de ouvido para minimizar a influência do ambiente no resultado final, além de uma saída do tipo X-Y para ligar num osciloscópio qualquer (até osciloscóipos de software para PC serve, desde que tenha entrada para base de tempo externa (Y).
Ligando tudo, o que temos é o seguinte:
Uma fonte sonora única que passa direto para o amplificador de referência (fones de ouvido, por exemplo) ou que pode ser modificada pela rede RIAA reversa para simular um disco de vinil e depois aplicada ao pré-amplificador de fono em teste e devolvida para o conjunto, onde o ganho é ajustado para ficar idêntico ao sinal direto.
Desta forma podemos comparar o resultado do pré de fono com o sinal puro e além disso, podemos medir a distorção total através da figura de Lissajours que se forma no osciloscóipo quando ligamos a saída X-Y do circuito nas entradas respectivas do osciloscópio.
e a figura que se formar for um círculo perfeito, a distorção é zero. Quanto mais ovalada a figura, pior o resultado (lembre-se de ajustar os ganho para ficarem idêniticos - o sinal direto e o preênfasado-deenfasado-préamplificado).
Ainda poderemos ouvir o resultado trocando a chave de by-pass para ter uma avaliação auditiva objetiva do que está acontecendo em tempo real.

Para quem quiser montar num final de semana com a turma do áudio, segue o esquema e uma foto da minha unidade como sugestão.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

PDF to Word, como fazer?

Precisei editar os manuais dos meus equipamentos dia desses.
Qual não foi minha supresa quando os arquivos do MS-Word (extensões .doc e .docx) estavam corrompidos.
Minha salvação: os arquivos .pdf estavam intactos.

Precisava editá-los, então fui procurar um editor que convertesse pdf em doc.

Minha primeira opção foi no Techmundo. Qual não foi minha surpresa quando tentei baixar a sugestão deles (freeware), e recebi um executável suspeito e cheio de "I AGREEs" que, para os incautos, instalaria um montão de lixo nas suas máquinas. Pulei fora e fiquei irado, mas continuei lendo os posts do Techmundo e achei uma dica de um leitor que dizia para usar o PDFZilla (http://www.pdfzilla.com) que faz o que promete e é realmente free. Free de lixo, spyware, exes duvidosos, anti-virus+troianos, back-upers de celulares e tudo quanto foi lixo que me apareceu na sugestão da Techmundo...

Baixei na máquina e comecei a fezer o que queria. Simples, fácil e rapido.

Abraços e cuidado com os exes e instaladores dos websites repositórios de freewares!

Luciano


Cápsulas MC e MM no Phono Experience #4

Quando projetei e iniciei a produção do preamplificador RIAA para toca-discos modelo Phono Experience #3 não fazia idéia da quantidade de usuários que necessitavam de um pré-amplificador capaz de trabalhar com cápsulas MC.

Foram vários pedidos de atualização no PE#3 para que admitisse uma entrada MC. Alguns usuários com cápsulas High-level e outros com cápsulas do tipo Low-level.
Dada a complexidade relativa dos circuitos de maneira que fossem flexíveis o suficiente para admitir uma vasta gama de opções, um front-end valvulado seria muito grande e custoso, elevando demais o custo final do produto. Resolvi então trabalhar com uma opção solid-state no front-end utilizando topologias de instrumentação industrial (alto-ganho, banda-passante extensa, slew-rate elevado e imunidade à ruídos melhor que 100dB) que só podem ser conseguidas com o uso de amplificadores operacionais dedicados. Em tempo, tais funcionalidades são impossíveis de atingir com a utilização de válvulas nesta etapa de entrada.

Concluída esta etapa, era só ligar este novo bloco ao PE#3 e oferecer a opção MC como adicional ao produto.
Quando produzi a primeira unidade, o resultado foi bem melhor do que eu previra então resolvi descontinuar o PE#3 colocando seu sucessor no portifolio dos meus produtos, o LPJ Phono Experience #4.

Abaixo uma breve descrição das funcionalidades agregadas ao PE#3 que o transformaram no PE#4.

Basicamente são as funcionalidades citadas agregadas ao módulo LPJ MCxMM v01, detalhado à seguir.






Descrição.


X0 Terminal de aterramento da malha do braço do toca-discos.

X1 Conector RCA fêmea duplo (L + R) que recebe o sinal do toca-discos.

X2 Conector P-10 fêmea de envio do sinal do toca-discos para equalização externa.

X3 Conector P-10 fêmea que recebe o sinal do toca-discos equalizado externamente.

S1  Chave de by-pass do SND-RTN (X2 e X3).

S2  Seletor do front-end MC ou MM.

S3  Seletor de ganho High level  ou Low-level para casulas MC.

SW1  Seletor de impedância reativa da entrada L (esquerda) do toca-discos.

SW2  Seletor de impedância reativa da entrada R (direita) do toca-discos.


Utilização.


O terminal X0 deverá ser conectado ao terminal de aterramento do braço do toca-discos através de condutor apropriado, normalmente é o terceiro condutor do cabo de conexão RCA, e deverá ser o mais curto possível a fim de evitar a captação de ruídos eletromagnéticos indesejáveis. Este terminal está conectado diretamente ao 0v da fonte de alimentação central da placa front-end LPJ Audio MCxMM v01 (star-ground). A perfeita conexão do braço à malha de aterramento e esta ao terminal X0 garantem a ausência total de ruídos eletromagnéticos do meio-ambiente.


O conector X1 recebe o sinal do toca-discos com o programa de áudio dos canais L e R (esquerdo e direito) captado pelo conjunto agulha+cápsula+Shell+braço. No caso das cápsulas MC este sinal é da ordem de 300μV a 5mV (0,0003V a 0,005V) e nos casos de cápsulas MM podemos ter sinais de até 200mV (0,2V). Como no caso anterior, quanto menor a distância de conexão entre o toca-discos e o pré-amplificador, menos suscetível à ruídos o conjunto se torna.


O conjunto de conectores X2-X3 são a via de acesso para a equalização externa. X2 envia o sinal para fora do front-end LPJ MCxMM v01 e o conector X3 recebe este sinal de volta equalizado de acordo com as preferências do usuário. Recomendamos o uso de um equalizador de no mínimo 31 bandas (oitavas ou décadas) para equalizações diferentes do padrão RIAA (que vem embutido nos produtos Phono Experience). Pode ser útil com discos pré-RIAA, DECCA, NAB, etc.


Esta facilidade do LPJ MCxMM V01 atua em conjunto com a chave seletora de by-pass S1 que é a responsável por retirar o circuito de equalização externa do caminho do áudio vindo do toca-discos quando acionada.


A chave S2 é responsável pela seleção do tipo de cápsula que entra pelo conector X1. Premida altera os circuitos do front-end para receber sinais de cápsulas MC. Quando solta o circuito se adapta aos sinais tipo MM.


S3 altera o ganho geral do circuito de entrada do front-end permitindo o uso de cápsulas MC do tipo high-level output.


Quando utilizada em conjunto com S2 na posição MM, eleva o ganho geral de todo o circuito em +20dB.
Ajustes em SW1 e SW2.


Para que haja a MTP, Máxima Transferência de Potência, em um par de quadripolos (cápsula – préamplificador) a impedância entre elas deverá ser a mesma ou bem próxima uma da outra. Quando isso ocorre dois fenômenos elétricos se manifestam: a banda-passante (BW) se maximiza e os níveis de tensão e corrente se elevam; isto é o que chamamos “casamento de impedâncias”.


O front-end LPJ MCxMM v01 possui uma impedância de entrada intrínseca da ordem de 1M Ohm (1.000.000 Ohms). As chaves SW1 e SW2 permitem a combinação de capacitores e resistores que permitem alterar esta impedância de entrada de modo a deixá-la com valores próximos aos valores das cápsulas usadas no toca-discos do cliente.


As quatro primeiras secções das chaves comandam os capacitores e as quatro secções seguintes alteram o valor da resistência de entrada.


Consultando o manual da sua cápsula, o cliente pode alterar os valores da impedância de entrada do MCxMM alterando as posições das secções de 1 a 8 das chaves SW1 e SW2 (de maneira idêntica entre elas pois cada chave comanda um canal:  L + R).


A tabela abaixo resume os ajustes da impedância reativa capacitiva.


Secção
Valores
1
2
3
4
Xc
Unidade
0
0
0
0
5
pF
1
0
0
0
52
pF
0
1
0
0
105
pF
1
1
0
0
152
pF
0
0
1
0
225
pF
1
0
1
0
272
pF
0
1
1
0
325
pF
1
1
1
0
372
pF
0
0
0
1
475
pF
1
0
0
1
522
pF
0
1
0
1
575
pF
1
1
0
1
622
pF
0
0
1
1
695
pF
1
0
1
1
742
pF
0
1
1
1
795
pF
1
1
1
1
842
pF









0
OFF



1
ON






A tabela abaixo resume os ajustes da impedância de entrada.


Secção
Valores
5
6
7
8
Rp
Unidade
0
0
0
0
1,00
1
0
0
0
100
Ω
0
1
0
0
5,10
0
0
1
0
47,00
0
1
1
0
4,60
0
0
0
1
100,00
0
1
0
1
4,85
0
0
1
1
31,97
0
1
1
1
4,40









0
OFF




1
ON




Observar que as combinações não discriminadas na tabela acima reproduzem o estado da combinação 1-0-0-0 (100 Ω).

Um bom ponto de partida se não souber as características de sua cápsula é o website: http://new-hifi-classic.de/files/TA-Daten.pdf


Além de todas as funcionalidades descritas acima para o módulo LPJ MCxMM v01, que integra o LPJ Phono Experience #4, ainda temos um controle de tonalidade tipo Baxandall de 1 controle com ajuste de graves +12dB na posição CCW, flat (0dB) na posição central e +12dB para os agudos no extremo CW do controle.
Este controle permite fazer ajustes finos de tonalidade de acordo com o material que está sendo reproduzido suprindo, dentro de certos limites, as falhas de gravação e limitações tecnológicas que possam interferir na qualidade do material gravado no vinil.
Este material detalhado pode ser encontrado no manual do Phono Experience # 4 disponível na área de downloads do website LPJ Audio: http://www.amplificadores.com.br/index_arquivos/Page435.htm

É isso aí.

Grande abraço e bom divertimento!






Luciano Peccerini Junior