Sempre me perguntam como se faz um projeto de amplificador.
Tirando a parte técnica do conhecimento específico de eletrônica e demais artes herméticas associadas, descreverei nesta postagem e subsequentes com o mesmo título, o "how-to" de um projeto do começo ao fim.
Para começar:
- Perseverança. Nunca desista frente ao primeiro obstáculo. Gosto muito do ditado: "construa a ponte quando chegar no rio, caso contrário levará um peso danado pelo caminho e pode ser que nem precise..."
- Tenha em mente as "Leis da Garagem" da HP. Sempre ajudam, não importa o tamanho da empreitada.
- Tenha paixão pelo que faz.
- Aprecie a boa música.
- Não assuma como verdade absoluta o que você não pode testar e comprovar.
Posto isto, embarquemos na viagem.
Um cliente do RJ me ligou pedindo um amplificador Classe A, single-ended com tríodo de aquecimento direto.
Conversei com ele e expliquei que o meu amplificador de referência é deste tipo com um par de válvulas RCA tipo 47 em paralelo por canal mas não seria ético de minha parte fornecê-lo pois estas válvulas não são mais fabricadas há quase 50 anos e não poderia garantir a continuidade do produto, conforme minha política de trabalho.
Ele insistiu e fez um proposta:
Ele forneceria o material e eu a engenharia para construir um novo amplificador que, se ficar 100%, integrará o meu portfólio de produtos.
Topei o desafio.
Explicado os motivos, agora descrevo a primeira parte da brincadeira.
Como é sabido, os japas são fãs incondicionais das 300B e das 2A3 (além das 45, PX4, PX25 e 6B4G). Coincidentemente, esta semana chegou na FONOMAG minha encomenda mensal da MJ-Magazine e, para minha surpresa, o encarte central era justamente o livreto de avaliação das 300B e dos 2A3 em produção corrente. Começa com as WE, PSVANE, KR Audio até as Shuguang. Todas analisadas e avaliadas por 3 feras da turma do Sakuma-san.
O mais interessante do artigo é que o amplificador de referência utilizado no teste é detalhado no próprio artigo.
Resolvi usar esta topologia clássica baseada nos famosos amplificadores da Western Electric populares na sonorização dos cinemas das décadas de 30,40 e 50 com as também famosas caixas VOT (Voice of Theater) da marca.
Decidida a válvula de saída (PSVANE 300B), a potência entregue (8w por canal), a topologia do pré com as 6SN7 (octais) passei para a fase do desenho preliminar.
Nesta fase inicial desenhamos o circuito básico, vindo do final para o começo, ou seja, da potência para o pré.
Uma cópia dos manuais das válvulas utilizadas é impressa e será ostensivamente utilizada, rabiscada e queimada com o ferro de solda até que surja uma versão utilizável do amplificador e pré.
Feito este desenho preliminar, o circuito será implementado na minha "protoboard para válvulas", que já foi objeto de um post anterior.
Quando este circuito estiver à contento, passaremos à fase de desenho da fonte de alimentação. Até então a alimentação da protoboard vem da minha "fonte de bancada para válvulas", também objeto de post anterior.
Até a próxima fase.
Protoboard para válvulas: http://hollowstate.blogspot.com.br/2011/02/protoboard-para-valvulas-versao-de.html
Fonte de bancada para válvulas: http://hollowstate.blogspot.com.br/2010/08/fonte-de-bancada-valvulada-1.html
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